A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar duram uma eternidade.
Ignore, supere, esqueça. Mas jamais pense em desistir de você por causa de alguém.
Há momentos na vida em que sentimos tanto a falta de alguém que o que mais queremos é tirar essa pessoa de nossos sonhos e abraçá-la.
E, antes de aprender a ser livre, tudo eu aguentava, só para não ser livre.
Não suporto meios termos. Por isso, não me doo pela metade. Não sou sua meio amiga nem seu quase amor. Ou sou tudo ou sou nada!
A vida é igual em toda a parte e o que é necessário é a gente ser a gente.
Quem é capaz de sofrer intensamente, também pode ser capaz de intensa alegria.
Se você se sente infeliz agora, tome alguma providência agora, pois só na sequência dos agoras é que você existe.
Antes de julgar a minha vida ou o meu caráter, calce os meus sapatos e percorra o caminho que eu percorri, viva as minhas tristezas, as minhas dúvidas e as minhas alegrias. Percorra os anos que eu percorri, tropece onde eu tropecei e levante-se assim como eu fiz.
Até onde posso, vou deixando o melhor de mim… Se alguém não viu, foi porque não me sentiu com o coração.
Sou uma mulher que sofre, como todas as pessoas do mundo, as mesmas dores e os mesmos anseios.
Amar os outros é a única salvação individual que conheço: ninguém estará perdido se der amor e às vezes receber amor em troca.
Sei que não posso viver automaticamente: preciso de amparo e é do amparo do amor.
Quando o amor é grande demais torna-se inútil: já não é mais aplicável, e nem a pessoa amada tem a capacidade de receber tanto. Fico perplexa como uma criança ao notar que mesmo no amor tem-se que ter bom senso e senso de medida. Ah, a vida dos sentimentos é extremamente burguesa.
Quando se realiza o viver, pergunta-se: mas era só isto? E a resposta é: não é só isto, é exactamente isto.
O caminho que eu escolhi é o do amor. Não importam as dores, as angústias, nem as decepções que eu vou ter que encarar. Escolhi ser verdadeira. No meu caminho, o abraço é apertado, o aperto de mão é sincero, por isso não estranhe a minha maneira de sorrir, de te desejar o bem. É só assim que eu enxergo a vida, e é só assim que eu acredito que valha a pena viver.
O que é a vida real? Os factos? Não, a vida real só é atingida pelo que há de sonho na vida real.
Dizem que a vida é para quem sabe viver, mas ninguém nasce pronto. A vida é para quem é corajoso o suficiente para se arriscar e humilde o bastante para aprender.
Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite.
Já caí inúmeras vezes achando que não me iria reerguer, já me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais.
Um amigo me chamou pra cuidar da dor dele, guardei a minha no bolso. E fui.
À medida que os filhos crescem, a mãe deve diminuir de tamanho. Mas a tendência da gente é continuar a ser enorme.
Há dias que vivo de raiva de viver. Porque a raiva me envivece toda: nunca me senti tão alerta.
Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida.
O tempo corre, o tempo é curto: preciso me apressar, mas ao mesmo tempo viver como se esta minha vida fosse eterna.
Não sou sempre flor. Às vezes espinho me define tão melhor. Mas só espeto os dedos de quem acha que me tem nas mãos.
Eu sou uma eterna apaixonada por palavras, música e pessoas inteiras. Não me importa seu sobrenome, onde você nasceu, quanto carrega no bolso. Pessoas vazias são chatas e me dão sono.
Que ninguém se engane: só se consegue a simplicidade através de muito trabalho.
A vida, meu amor, é uma grande sedução onde tudo o que existe se seduz.
O medo sempre me guiou para o que eu quero. E porque eu quero, temo. Muitas vezes foi o medo que me tomou pela mão e me levou. O medo me leva ao perigo. E tudo o que eu amo é arriscado.
Não me provoque, tenho armas escondidas. Não me engane, posso não resistir. Não grite, tenho péssimo hábito de revidar.
Os factos são sonoros. O que importa são os silêncios por trás deles.
Valorize quem te ama, esses sim merecem seu respeito. Quanto ao resto, bom... ninguém nunca precisou de restos para ser feliz.
Só uma coisa a favor de mim eu posso dizer: nunca feri de propósito. E também me dói quando percebo que feri.
Sorrisos e abraços espontâneos me emocionam. Palavras até me conquistam temporariamente. Mas atitudes me ganham para sempre.
Orgulho não é pecado, pelo menos tão grave: orgulho é coisa infantil em que se cai como se cai em gulodice. Só que orgulho tem a enorme desvantagem de ser um erro grave, e, com todo o atraso que o erro dá à vida, faz perder muito tempo.
Sabe o que eu quero de verdade? Jamais perder a sensibilidade, mesmo que às vezes ela arranhe um pouco a alma. Porque sem ela não poderia sentir a mim mesma...
Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro...
Vocação é diferente de talento. Pode-se ter vocação e não ter talento, isto é, pode-se ser chamado e não saber como ir.
Não, não quero mais gostar de ninguém porque dói. Não suporto mais nenhuma morte de ninguém que me é caro. Meu mundo é feito de pessoas que são as minhas – e eu não posso perdê-las sem me perder.
Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é possível fazer sentido. Eu não: quero é uma verdade inventada.
A gente não cria os filhos para a gente, nós os criamos para eles mesmos. Quando eu ficar sozinha, estarei seguindo o destino de todas as mulheres.
Eu me perfumo para intensificar o que sou. Por isso não posso usar perfumes que me contrariem. Perfurmar-se é uma sabedoria instintiva. E como toda arte, exige algum conhecimento de si própria.
As pessoas que se preocupam demais com a ordem externa é porque internamente estão em desordem e precisam de um contraponto que lhes sirva de segurança.
Amo e adoro tudo o que é simples, tanto que às vezes pareço exigente!
Aliás uma pergunta que me fez: o que mais me importava – se a maternidade ou a literatura. O modo imediato de saber a resposta foi eu me perguntar: se tivesse de escolher uma delas, que escolheria? A resposta era simples: eu desistiria da literatura. Nem tem dúvida que como mãe sou mais importante do que como escritora.
Eu me dou melhor comigo mesma quando estou infeliz: há um encontro. Quando me sinto feliz, parece-me que sou outra. Embora outra da mesma. Outra estranhamente alegre, esfuziante, levemente infeliz é mais tranquilo.
Não sou relativo sou infinito por isso em cada ser me reflito em cada ser me encontro.
Ah viver é tão desconfortável. Tudo aperta: o corpo exige, o espírito não pára, viver parece ter sono e não poder dormir – viver é incómodo. Não se pode andar nu nem de corpo nem de espírito.
O que nos salva da solidão é a solidão de cada um dos outros. Às vezes, quando duas pessoas estão juntas, apesar de falarem, o que elas comunicam uma à outra é o sentimento de solidão.
Ser real é assumir a própria promessa: assumir a própria inocência e retomar o gosto do qual nunca se teve consciência: o gosto do vivo.
Às vezes tenho a impressão de que escrevo por simples curiosidade intensa. É que, ao escrever, eu me dou as mais inesperadas surpresas. É na hora de escrever que muitas vezes fico consciente de coisas, das quais, sendo inconsciente, eu antes não sabia que sabia.
Amor será dar de presente ao outro a própria solidão. Pois é a última coisa que se pode dar de si.
E o amor, em vez de dar, exige. E quem gosta de nós quer que sejamos alguma coisa que eles precisam.
O que sustenta e equilibra o homem são suas pequenas manias e hábitos. E dão realce a seu desenvolvimento porque tudo o que se repete muito termina por aprofundar uma atitude e a dar-lhe espaço. Mas para se experimentar uma surpresa é necessário que a rotina dos hábitos seja por qualquer motivo suspensa.
Tenho que começar por aceitar-me e não sentir o horror punitivo de cada vez que eu caio, pois quando eu caio a raça humana em mim também cai. Cada mudança, cada projecto novo causa espanto: meu coração está espantado. É por isso que toda a minha palavra tem um coração onde circula sangue.
É preciso não esquecer e respeitar a violência que temos. As pequenas violências salvam-nos das grandes.
Sou composta por urgências: minhas alegrias são intensas; minhas tristezas, absolutas. Me entupo de ausências, me esvazio de excessos. Eu não caibo no estreito, eu só vivo nos extremos.
Os nossos sentimentos e pensamentos são tão sobrenaturais como uma história passada depois da morte.
Prescindir da esperança significa que eu tenho que passar a viver, e não apenas a me prometer a vida.
Refugio-me na loucura porque não me resta o chamado meio-termo do estado de coisas comum. Quero ver coisas novas – e isso eu só conseguirei se não tiver mais medo da loucura.
Qualquer um pode amar uma rosa, mas é preciso um grande coração para incluir os espinhos.
Muitos homens preferem pagar, exactamente para não terem afecto nem sentimento, exactamente para humilharem e serem humilhados. A fuga ao amor é um facto. Paga-se para fugir. Até homem casado gosta, às vezes, de sustentar a casa para transformar a esposa em objecto pago.
Eu sempre quis atingir um estado de paz e de não-luta. Eu pensava que era o estado ideal. Mas acontece que – que sou eu sem a minha luta? Não, não sei ter paz.
Cada pessoa é um mundo, cada pessoa tem sua própria chave e a dos outros nada resolve.
Se eu me confiar e me considerar verdadeira, estarei perdida porque não saberei onde engasgar meu novo modo de ser - se eu for adiante nas minhas visões fragmentárias, o mundo inteiro terá que se transformar para eu caber nele.
Nós ainda somos moços, podemos perder algum tempo sem perder a vida inteira.”
Passei a minha vida tentando corrigir os erros que cometi na minha ânsia de acertar. Ao tentar corrigir um erro, eu cometia outro. Sou uma culpada inocente.
Pergunto a Deus: por que os outros? e Ele me responde: por que você? às nossas perguntas Deus responde com pergunta maior e assim nos alargamos em espasmos para uma criança em nós nascer.
O quotidiano contém em si o abuso do quotidiano: o quotidiano tem a tragédia do tédio da repetição. Mas há uma escapatória: é que a grande realidade é fora de série, como um sonho nas entranhas do dia.
Acho que devemos fazer coisa proibida – senão sufocamos. Mas sem sentimento de culpa e sim como aviso de que somos livres.
A diferença entre o doido e o não-doido é que o não-doido não diz nem faz as coisas que pensa.
Sim, eu tenho milhares de defeitos, alguns medos, vários problemas. Mas e daí?
Como começar pelo início, se as coisas acontecem antes de acontecer?
O maior obstáculo para eu ir adiante: eu mesma. Tenho sido a maior dificuldade no meu caminho. É com enorme esforço que consigo me sobrepor a mim mesma.
Eu sou uma actriz para mim. Eu finjo que sou uma determinada pessoa mas na realidade não sou nada.
Por que é que um cão é tão livre? Porque ele é o mistério vivo que não se indaga.
Quero lonjuras. Minha selvagem intuição de mim mesma. Mas o meu principal está sempre escondido. Sou implícita. E quando me vou explicitar perco a úmida intimidade.
Há dias que são tão áridos e desérticos que eu daria anos de minha vida em troca de uns minutos de graça.
Não estou à altura de ficar no paraíso porque o paraíso não tem gosto humano.
Estou livre? Tem qualquer coisa que ainda me prende. Ou prendo-me a ela? Também é assim: não estou toda solta por estar em união com tudo. Aliás uma pessoa é tudo. Não é pesado de se carregar porque simplesmente não se carrega: é-se o tudo.
O que eu sinto eu não ajo. O que ajo não penso. O que penso não sinto. Do que sei sou ignorante. Do que sinto não ignoro. Não me entendo e ajo como se me entendesse.
Sua coragem é a de, não se conhecendo, no entanto prosseguir. É fatal não se conhecer, e não se conhecer exige coragem[...] O caminho lento aumenta as coragens secretas.
Há pessoas que têm vergonha de viver: são os tímidos, entre os quais me incluo. Desculpem, por exemplo, estar tomando lugar no espaço. Desculpem eu ser eu. «Quero ficar só!» grita a alma do tímido que só se liberta na solidão. Contraditoriamente quer o quente aconchego das pessoas.
Estou com saudade de mim. Ando pouco recolhida, atendo demais ao telefone, escrevo depressa, vivo depressa. Onde está eu? Preciso fazer um retiro espiritual e encontrar-me enfim – enfim, mas que medo – de mim mesma.
Ele precisava dela com fome para não esquecer que eram feitos da mesma carne.
Eu que dei para mentir. E com isso estou dizendo uma verdade. Mas mentir já não era sem tempo. Engano a quem devo enganar, e, como sei que estou enganando, digo por dentro verdades duras.
O mistério do destino humano é que somos fatais, mas temos a liberdade de cumprir ou não o nosso fatal: de nós depende realizarmos o nosso destino fatal.
Às vezes eu me coloco numa situação de ver um pouco antes de ver mesmo. Eu pressinto o instante que se segue e cadencialmente minha respiração acompanha o ritmo do tempo. Eu que sinto antes de sentir. A harmonia é pressentir a próxima frase, o próximo som, a próxima visão.
Sinto necessidade de arriscar minha vida. Só assim vale a pena viver.
O perigo de meditar é o de sem querer começar a pensar, e pensar já não é meditar, pensar guia para um objectivo.
Eu não caibo no estreito, eu só vivo nos extremos. Pouco não me serve, médio não me satisfaz, metades nunca foram meu forte!
Oh Deus, como estou sendo feliz. O que estraga a felicidade é o medo.
Para te escrever eu antes me perfumo toda. Eu te conheço todo por te viver toda. Em mim é profunda a vida. As madrugadas vêm me encontrar pálida de ter vivido a noite dos sonhos fundos. Embora às vezes eu sobrenade num raso aparente que tem debaixo de si uma profundidade de azul-escuro quase negro. Por isso te escrevo. Por sopro das grossas algas e no tenro nascente do amor.
O contacto com o outro ser através da palavra escrita é uma glória. Se me fosse tirada a palavra pela qual tanto luto, eu teria que dançar ou pintar. Alguma forma de comunicação com o mundo eu daria um jeito de ter. E escrever é um divinizador do ser humano.
Eu antes tinha querido ser os outros para conhecer o que não era eu. Entendi então que eu já tinha sido os outros e isso era fácil. Minha experiência maior seria ser o âmago dos outros: e o âmago dos outros era eu.
Esse coração que erra, briga, se expõe. Perde o juízo por completo em nome de causas e paixões.
Sou muito mais que essas letras, frases e fotos que falam sobre mim. Sou as minhas atitudes, os meus sentimentos, as minhas ideias.
Nós não somos geniais. Nós que não soubemos nos apossar da única coisa completa que nos é dada ao nascimento: o génio da vida.
Ser feliz é uma responsabilidade muito grande. Pouca gente tem coragem. Tenho coragem mas com um pouco de medo. Pessoa feliz é quem aceitou a morte. Quando estou feliz demais, sinto uma angústia amordaçante: assusto-me