O homem é feito visivelmente para pensar; é toda a sua dignidade e todo o seu mérito; e todo o seu dever é pensar bem.
Ninguém é tão ignorante que não tenha algo a ensinar. Ninguém é tão sábio que não tenha algo a aprender.
Nos agrada repousar em sociedade com os nossos semelhantes: miseráveis como nós, impotentes como nós, eles não nos ajudarão; morreremos sozinhos.
A razão, por mais que grite, não pode negar que a imaginação estabeleceu no homem uma segunda natureza.
A opinião é a rainha do mundo.
Poucas amizades resistiriam se cada um soubesse aquilo que o amigo diz de si nas suas costas.
Não podendo fazer que se fosse obrigado a obedecer à justiça, fizeram que fosse justo obedecer à força.
Eloquência positiva é aquele que persuade com doçura, não com violência, ou seja, como um rei, não como um tirano.
Pesemos o lucro e a perda tomando por coroa (no jogo de cara ou coroa) que Deus existe. Avaliemos estes dois casos: se você vencer, ganha tudo; se perder, não perde nada. Aposto, portanto, que ele existe, sem hesitar.
Nem a contradição é sinal de falsidade nem a falta de contradição é sinal de verdade.
Duas coisas instruem o homem, qualquer que seja a sua natureza: o instinto e a experiência.
As alegrias passageiras encobrem os males eternos que elas próprias causam.
A nossa dignidade consiste no pensamento. Procuremos pensar bem. Nisso reside o princípio da moral.
A arte de persuadir consiste tanto mais em agradar do que em convencer, quanto os homens se guiam mais pelo capricho do que pela razão.
Jamais vivemos, mas esperamos viver; e, nos dispondo sempre a ser felizes, é inevitável que jamais o sejamos.
Os olhos são os intérpretes do coração, mas só os interessados entendem essa linguagem.
A imaginação tem todos os poderes: ela faz a beleza, a justiça, e a felicidade, que são os maiores poderes do mundo.
O eu é odioso.
A grandeza do homem está em ele se reconhecer como miserável. Uma árvore não se dá conta da sua miséria.
Somos tão presunçosos que desejaríamos ser conhecidos em todo o mundo... E tão vaidosos que a estima de cinco ou seis pessoas que nos rodeiam, nos alegra e nos satisfaz.
Que grande quimera é o homem! Que confuso caos! Que misto de contradições! Juiz de todas as coisas, e não mais do que um mísero verme! Grande guardador e depositário da verdade e, contudo, um mero acervo de incertezas! Glória e escândalo do Universo!
Se o nariz de Cleópatra tivesse sido menor, toda a face da Terra teria mudado.
É indispensável conhecer a nós próprios; mesmo se isso não bastar para encontrarmos a verdade, seria útil, ao menos para regularmos a vida, e nada há de mais justo.
O que é o homem na natureza ? Um nada em comparação com o infinito, um tudo em face do nada, um intermediário entre o nada e o tudo.
A natureza detesta o vazio.
Uma vez que não podemos ser universais e saber tudo quanto se pode saber acerca de tudo, é preciso saber um pouco de tudo, pois é muito melhor saber alguma coisa de tudo do que saber tudo apenas de uma coisa.
Quando se trata de julgar se a guerra deve ser feita e matar tamanho número de homens, é um só que julga, e, ainda mais, o interessado.
Deixemos um rei sozinho, sem nenhuma satisfação dos sentidos, sem nenhuma preocupação do espírito, sem companhia, a pensar apenas em si mesmo; e se verá que um rei sem divertimentos é um homem muito desgraçado.
Ao ver um estilo natural, ficamos surpreendidos e encantados, pois esperávamos ver um autor, e encontramos um homem.
O homem não é nem anjo nem animal, e a infelicidade exige que quem pretende fazer de anjo faça de besta.
Entre nós e o inferno e o céu, há somente a vida entre os dois, que é a coisa mais frágil do mundo.
É falso que sejamos dignos de que os outros nos amem. E é injusto que o queiramos.
Em amor um silêncio vale mais do que uma linguagem. É bom ficar sem palavras; há uma eloquência no silêncio que penetra mais do que a língua o conseguiria.
A natureza tem perfeições que mostram que é a imagem de Deus, e defeitos que mostram que é apenas a imagem.
Corremos sem preocupação para um precipício, após termos posto uma venda para não o poder ver.
Não há nada de justo ou de injusto que não mude de qualidade ao mudar de clima.
Quanto mais inteligente um homem é mais originalidade encontra nos outros. Os medíocres acham todo mundo igual.
Todas as ocupações dos homens tendem à posse de alguma coisa; e eles não têm nem título para a possuir justamente nem força para a possuir com segurança.
Há duas espécies de homens: os justos, que se julgam pecadores e os pecadores que se crêem justos.
Todos os homens, sem exceção, procuram ser felizes. Embora por meios diferentes, tendem todos para este fim.
O homem nasceu para o prazer: ele o sente e não precisa de mais provas. Ele segue assim a razão, entregando-se ao prazer.
Tudo o que sei é que devo morrer em breve; mas o que mais ignoro é essa mesma morte, que não sei evitar.